sexta-feira, 18 de novembro de 2011

CAUSAS E CONSEQÜÊNCIAS DO CONSUMO EXCESSIVO DO ÁLCOOL

 Pesquisa britânica revela que álcool é mais nocivo que crack, heroína, cocaína e outras drogas recreativas.
Pesquisa realizada na Universidade de Bristol, no Reino Unido, aponta que o álcool é mais prejudicial que drogas recreativas e ilegais como crack, heroína e cocaína. A pesquisa, liderada pelo cientista britânico David Nutt, foi publicada no dia primeiro de novembro no periódico médico Lancet e leva em conta os danos ocasionados à saúde do usuário, os efeitos negativos na família e comunidade, além de gastos com saúde pública e prisão. O estudo analisou 20 drogas, entre as quais estão maconha, LSD, ecstasy, anabolizantes e tabaco. Numa escala de risco em que 100 é o máximo e zero o mínimo, as bebidas ficaram com 72 pontos, contra 55 para a heroína e 54 para o crack. A lista continua com metanfetamina (33), cocaína (27), tabaco (26), anfetaminas (23) e maconha (20). Cogumelos (5), LSD (7) e ecstasy (9) ficaram entre os menos prejudiciais.“A bebida alcoólica existe desde os tempos bíblicos, conhecida por todas as civilizações”, afirma a psicóloga e especialista em dependência química pela Unifesp, Helena Sakiayama. “E até nos dias atuais ela é utilizada não apenas em rituais e cerimônias religiosas, mas está presente em praticamente todas as ocasiões sociais como reuniões de celebrações, alegria, lazer e relaxamento”.Segundo a psicóloga, o álcool também tem uma função mediadora da sociabilidade e é agente de desinibição e estimulador das relações entre seus pares. Assim, existe um discurso social em que o álcool figura como uma droga lícita e que não gera danos à saúde. Helena ressalta que os meios de comunicação e propaganda exercem grande influência sobre a massa, principalmente entre os jovens, por captarem no imaginário popular o ideal e o sonho da beleza, sedução, conquistas e felicidade.
Ela ainda afirma que o alcoolismo é considerado uma doença formalmente reconhecida pela OMS(Organização Mundial da Saúde), sendo caracterizada como uma doença progressiva, incurável e que pode levar a morte. Há estudos indicando que não há consumo de álcool isento de riscos. Embora seja uma questão polêmica, existe um nível de consumo associado a baixo risco de desenvolver problemas. O nível de consumo considerado de baixo risco para homens é de 21 unidades de álcool (uma unidade de álcool = 10-12 gramas de álcool puro) no período de uma semana e para mulheres é de 14 unidades de álcool no período de uma semana.
Segundo a psicóloga, nossa sociedade e a própria família vê o alcoolista com preconceito, pela falta de conhecimentos e esclarecimentos, sobre esta complexa doença. “Existe ainda um discurso social com resquícios das idéias do passado de cunho moral que compreendia o alcoolismo como uma violação consciente das normas sociais e, portanto passíveis de castigos e punições”, expõe. Helena esclarece que não se trata de fraqueza ou de falta de vontade, como muitos julgam, e explica que a dependência alcoólica está inserida num complexo de fatores biológicos, psicológicos, sociais que subtraem do alcoolista a liberdade de escolher, possibilidades de julgar e tomar decisões adaptativas para não beber .

O alcoolismo e suas consequências
O termo álcool segundo VARGAS (1990, p.19)  “originou-se de uma palavra árabe Kuhil ou Kohol e significa pó fino”. Embora se saiba muito pouco sobre o uso de bebidas alcoólicas na pré-história, supõe-se que o homem devia conhecê-la. Na bíblia existe referência de que Noé fez vinho e se embriagou. O álcool é uma substância que causa dependência popularmente chamada de alcoolismo. Essa doença atinge cerca de 10% a 15% da população mundial e preocupa enormemente os sistemas de saúde. O álcool é a mais consumida de todas as drogas. O desenvolvimento da dependência é lento, comparado com outras drogas e freqüentemente leva o organismo a tolerância e o usuário passa a ingerir doses cada vez maiores para alcançar os mesmos efeitos obtidos anteriormente. Tem sido um poderoso agente de criminalidade, de desagregação pessoal, familiar e social. O uso indiscriminado e abusivo do álcool vem se difundindo em todos os países inclusive no Brasil incluindo-se no rol das patologias sociais independente de classe econômica, sendo um produto de centros urbanos e também de zona rural. O alcoolismo é considerado doença desde 1967, a partir da 8ª Conferência Nacional de Saúde.
No CID-10: Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento traz especificado que uma intoxicação causada por álcool pode resultar em “perturbações no nível da consciência, cognição, percepção, afeto ou outras funções psicofisiológicas”. Pode ocasionar o início de agressão e freqüentemente comportamento violento que não é típico do indivíduo enquanto sóbrio.
SINAIS E SINTOMAS DO ALCOOLISMO:
O conceito de síndrome de dependência do álcool é usado na medicina para designar um agrupamento de sinais e sintomas que nem sempre estão todos presentes, mas devem apresentar uma regularidade para permitir o reconhecimento clínico da mesma. É uma doença caracterizada pelos seguintes elementos:
Compulsão: Uma necessidade forte ou desejo incontrolável de beber.
Perda de controle: a inabilidade freqüente de parar de beber uma vez que a pessoa já começou.
Dependência física: a ocorrência de sintomas de abstinência, como náusea, suor, tremores, e ansiedade, quando se para de beber após um período bebendo-se muito. Tais sintomas são aliviados bebendo-se álcool ou tomando-se outra droga sedativa.
Tolerância: Necessidade de aumentar a quantidade de álcool para se sentir “alto”.
SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA DO ÁLCOOL
Quando a dependência é muito avançada, o indivíduo pode experimentar sintomas graves na ausência do álcool, que podem ser observados todas as manhãs, ou até o meio da noite. Os sintomas fundamentais para indicar a crise são os tremores, náusea, sudorese e perturbação do humor. Além desses podem aparecer coceiras pelo corpo, cãibras musculares, perturbações do sono, alucinações, convulsões e o quadro completo de sintomas desenvolve o que chamamos de Delirium Tremens. Muitas vezes a cessação desses sintomas de abstinência se dá pelo aumento da ingestão da bebida. O dependente vai tentar manter certo nível alcoólico para que estes sintomas não apareçam (ingestão de alívio).
ALTERAÇÕES PSICOSSOCIAIS
O fracasso social do alcoolista já é algo esperado. Normalmente ele não consegue cumprir com seu papel social desejado. Não corresponde as expectativas como membro da família, empregador ou empregado, vizinho ou cidadão respeitador das leis. Silveira relaciona algumas implicações do beber exagerado:
·         Ruína Financeira: o alcoólatra quando embriagado, perde toda a noção de economia e do valor do dinheiro.
·         Ruína Física: a saúde do alcoólatra é precária e seus dias são abreviados. Desnutrido, carente de vitaminas e proteínas, cai presa fácil das doenças infecciosas, morrendo prematuramente.
·         Ruína mental: a mente do alcoólatra é confusa, sua memória e capacidade de raciocinar são reduzidas. Seus atos são muitas vezes irresponsáveis e de cunho doentio.
·         Ruína Moral: as justas ambições desaparecem e o único objetivo de sua vida é esvaziar mais um copo (SILVEIRA, 1981, p.49).
O alcoolista muda muito freqüentemente de trabalho e vive no auxílio-doença na medida em que sua enfermidade evolui. Os acidentes e as ausências também exercem papel de destaque.
A esposa e os filhos são as pessoas mais atingidas vindo logo em seguida os pais, irmãos, tios, avós etc. A esposa tem que lidar com problemas emocionais e no nível da realidade. Os filhos sofrem psicologicamente tendo transtornos de ansiedade, maior incidência de depressão, baixa auto-estima e podendo ser também um risco latente de alcoolismo mais tarde. Por ter um lar perturbado tem mais chances de se envolver com drogas. Quando a mulher é a dependente o casamento tende a durar bem menos. O homem não consegue suportar uma situação dessas por muito tempo.
PROBLEMAS DE RELACIONAMENTO:
Quanto avançada à doença, maior é a chance de ter problemas em casa, no trabalho, com amigo e até estranhos. E podem incluir:
·         Discussões ou brigas com sua/seu cônjuge e outros membros da família;
·         Desgaste na relação com colegas de trabalho ou chefia;
·         Faltar ou chegar atrasado ao trabalho com freqüência;
·         Perda de emprego devido à baixa produtividade; e
·         Cometer ou ser vítima de atos violentos.
PROBLEMAS CLÍNICOS DO ALCOOLISMO:
A ingestão contínua do álcool desgasta o organismo ao mesmo tempo em que altera a ente. Surgem, então, sintomas que comprometem a disposição para trabalhar e viver com bem estar. Essa indisposição prejudica o relacionamento com a família e diminui a produtividade no trabalho, podendo levar à desagregação familiar e ao desemprego.
Alguns dos problemas mais comuns da doença são:
 No estômago e intestino
Gases: Sensação de "estufamento", nem sempre valorizada pelo médico. Pode ser causada por gastrite, doenças do fígado, do pâncreas, etc.
Azia: Muito comum em alcoolistas devido a problemas no esôfago.
Náuseas: São matinais e ás vezes estão associadas a tremores. Podem ser consideradas sinal precoce da dependência do álcool.
Dores abdominais: Muito comum nos alcoolistas que têm lesões no pâncreas e no estômago.
Diarréias: Nas intoxicações alcoólicas agudas (porre). Este sintoma é sinal de má absorção dos alimentos e causa desnutrição no indivíduo.
Fígado grande: Lesões no fígado decorrentes do abuso do álcool. Podem causar doenças como hepatite, cirrose, fibrose, etc.
 No Sistema Cardiovascular :
O uso sistemático do álcool pode ser danoso ao tecido do coração e elevar a pressão sangüínea causando palpitações, falta de ar e dor no tórax.
 Glândulas:
As glândulas são muito sensíveis aos efeitos do álcool, causando sensíveis problemas no seu funcionamento.
Impotência e perda da libido. O indivíduo alcoolista pode ter atrofiados testículos, queda de pêlos além de ginecomastias (mamas crescidas).
 Sangue:
O álcool torna o individuo propício às infecções, alterando o quadro de leucócitos e plaquetas, o que torna freqüente as hemorragias.
A anemia é bastante comum nos alcoolistas que têm alterações na série de glóbulos vermelhos, o que pode ser causado por desnutrição (carência de ácido fólico).


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