domingo, 15 de abril de 2012


Misturar álcool com energético é um perigo

O energético pode potencializar os efeitos da bebida alcoólica e fazer com que o usuário tenha um julgamento errado sobre seu estado de embriaguez

Achar que energético melhora performance é um equívoco, dizem especialistas

Especialistas divergem sobre quantidade máxima de cafeína que se pode ingerir

O relato de pais e médicos e pesquisas sobretudo americanas chamam a atenção para um hábito comum no Carnaval, mas arriscado: tomar bebida alcoólica com energético. Segundo o cardiologista Luciano Vacanti, a mistura potencializa o risco de arritmias, pois as duas substâncias "irritam" o músculo do coração (o miocárdio). Ele afirma, ainda, que há casos descritos nos Estados Unidos de adolescentes que, após ingerirem energéticos, desenvolveram taquicardias que precisaram ser revertidas nos hospitais.

O médico Anthony Wong, chefe do Ceatox (Centro de Assistência Toxicológica) do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas (SP), relata que este é um hábito que está virando uma epidemia mundial. "Pior que quanto mais jovem é a pessoa menos controle ela tem sobre as bebidas alcoólicas. É necessário tomar uma atitude de controle por parte das autoridades com o crescente abuso dessa associação", opina.

Há vários motivos apontados pelos consumidores para se misturar as bebidas. Entre eles, disfarçar o gosto do álcool (principalmente no caso de destilados), além de esticar a balada. Por ser estimulante, o energético carrega o mito de anular os efeitos depressivos do álcool, o que é verdade em parte porque a bebida reduz a sensação de sonolência, mas os reflexos continuam mais lentos sob o efeito do álcool.

Percepção alterada

Pesquisas vêm comprovando que o consumo de álcool com energéticos pode estimular o alcoolismo, dar mais disposição para beber (a pessoa fica mais tempo em uma balada ou bar bebendo, por exemplo) e tornar o indivíduo mais suscetível aos problemas relativos ao consumo de álcool (machucam-se mais ou sofrem mais acidentes, necessitam de ajuda médica ou enfrentam problemas sexuais).

Alexandre Clemente Chame, de 36 anos, percebeu alguns desses sintomas após abusar na dose de energéticos em uma casa noturna. "Não costumo beber destilado, mas como meus amigos tinham comprado uma garrafa, resolvi tomar a bebida com energético para acompanhar. Percebi principalmente que fiquei até mais tarde na balada, costumo ir embora mais cedo, e acabei esticando até umas cinco da manhã. Daí bebi bem mais que de costume. No dia seguinte, a ressaca foi pior. Na hora até pensei: ´esse negócio´ ajuda a não bater o carro na volta porque eu parecia estar mais desperto, mas depois percebi que poderia ter sido até pior, pois eu achava que estava normal para dirigir".

Um dos maiores riscos dessa combinação é realmente o de mascarar os sintomas. De acordo com a psicoterapeuta Ilana Pinsky, professora do Departamento de Psiquiatria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), não sentir os efeitos do álcool pode parecer bom, mas não é. É uma maneira de tapear o que o corpo está sentindo. "A pessoa não fica tão bem quanto pode pensar, pode dirigir de maneira arriscada, e os órgãos do corpo são afetados da mesma maneira, ela sentindo ou não".

Advertências

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, a venda de energéticos é autorizada no Brasil desde 1998, após a avaliação da agência sobre a segurança dos produtos. "Não existe nenhuma proibição quanto a comercialização dessas bebidas por parte da Comunidade Europeia e as mesmas estão dispensadas de registro na Anvisa".

O que diz o fabricante
O fabricante de um dos energéticos mais populares do mercado, o Red Bull, diz que, "em relação ao uso associado ao álcool, não há nenhum indício de que o Red Bull® Energy Drink tenha qualquer efeito (positivo ou negativo) associado ao seu consumo. Isto foi confirmado pela Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA, na sigla em inglês), em comunicado de 2009, que concluiu não haver interação entre a taurina, a glucoronolactona, a cafeína e o álcool, mesmo durante atividade física".

A empresa também alega que um consumo moderado de cafeína (menos de 400 mg por dia, o que equivalente a 5 latinhas do energético) não afeta negativamente a saúde cardiovascular. E completa: "o Red Bull® Energy Drink é vendido em mais de 160 países porque autoridades de saúde do mundo todo concluíram que o mesmo é de consumo seguro".
No entanto, há requisitos específicos de composição: taurina: máximo 400 mg/100 ml; cafeína: máximo 35 mg/100 ml; álcool etílico: máximo 0,5 ml/100 ml; inositol: máximo 20 mg/100 ml; clucoronolactona: máximo 250 mg/100 ml.

Além disso, as embalagens devem conter obrigatoriamente as seguintes advertências, em destaque e em negrito: "Crianças, gestantes, nutrizes, idosos e portadores de enfermidades: consultar o médico antes de consumir o produto" e "Não é recomendado o consumo com bebida alcoólica".

Segundo a Anvisa, os primeiros alertas se devem ao fato de o produto ter uma "elevada quantidade de cafeína em sua formulação". Já a restrição à associação com álcool é feita, pois "pode potencializar os efeitos da bebida alcoólica e fazer com que o usuário tenha um julgamento errado sobre seu estado de embriaguez (tem a percepção de que não está bêbado, mas os efeitos deletérios do consumo de álcool sobre a coordenação motora continuam)".

Mais vulneráveis

O cardiologista e médico do esporte Nabil Ghorayeb fecha a questão dizendo que o problema está no uso indiscriminado dos energéticos sem que se saiba dos riscos. "As pessoas não costumam ler os rótulos e, se não tivesse qualquer tipo de perigo, não teriam advertências nas embalagens dos produtos. O risco maior está na dose, principalmente para quem tem sensibilidade à cafeína ou predisposição às arritmias ou faz parte do grupo citado nas embalagens (crianças, idosos, nutrizes, grávidas, com problemas de saúde)".

Ghorayeb alerta para as pessoas ficarem atentas a sinais de maior sensibilidade, como palidez, aceleração do coração, aumento da pressão, etc.. "A intoxicação por cafeína é manifestada pela presença de ansiedade, insônia, desconforto no estômago, tremores, taquicardia, agitação e até raros casos de morte foram descritos na Austrália, Irlanda e Suécia", acrescenta Vacanti.

"Enganar" o sono

Para os pais, Ilana Pinsky recomenda que a informação é a maior arma contra o problema. "É essencial conhecer o que é energético, suas propriedades, o que é considerado um excesso de consumo. E conversar com os filhos sobre isso, informar-se primeiro para depois informar o filho", aconselha a psicoterapeuta.

Ilana completa explicando que faz parte da característica da nossa sociedade tentar burlar o que estamos sentindo e se faz isso de uma maneira excessiva, o tempo todo, e não só na questão do álcool. Talvez esta também possa ser a explicação para o consumo crescente de energéticos, uma busca por "enganar" o sono, a timidez (no caso da associação com o álcool) e o corpo, prolongando a sensação de diversão na balada ou a malhação na academia.

Mas é preciso lembrar que o preço pode ser caro demais. Recentemente, pediatras americanos anunciaram que, nos últimos anos, já foram registrados mais de 2,5 mil casos de internações e atendimentos por intoxicação por cafeína em menores de 19 anos. E já que essa associação é prática comum e permitida, por enquanto não há outro jeito: quem deve ficar alerta e moderar na dose é o consumidor!
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas

 

 
                Alcoolismo precoce
Por UNIAD(Unidade de Pesquisa de álcool e Drogas)                                                      



Infelizmente o Brasil registra um dos maiores índices de alcoolismo na infância e adolescência do mundo. Isso porque, além de não haver fiscalização rigorosa na venda de bebidas alcoólicas, falta orientação e educação que começa dentro das próprias famílias. O consumo de bebidas dentro das casas é um incentivo para menores começarem a beber, ainda mais quando há “vistas grossas” por parte dos pais. Aliás, muitos deles até acham “bonito” oferecer bebidas aos filhos. Um erro e um passo largo para a iniciação no alcoolismo. Uma lei, sancionada na última quarta-feira (19) pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), punirá comerciantes de todo o estado de São Paulo que não comprovarem que só maiores de 18 anos compram e consomem bebidas alcoólicas dentro do seu estabelecimento. A lei é rigorosa: segundo o texto, os comerciantes estão sujeitos à multa de R$ 1.745 a R$ 87.250 e podem ter o comércio fechado por 30 dias e até perder a licença de funcionamento. Há inclusive uma telefone para denúncias sobre venda de bebidas alcoólicas para menores. O telefone para denúncias será o mesmo usado para a Lei Antifumo (0800-771-3541). Mas ele só passará a funcionar para a Lei Antiálcool no dia 19 de novembro. Pelo número também será possível tirar dúvidas. A pressão teve bom resultado com a lei sobre o fumo em locais fechados, principalmente bares e restaurantes. A intenção é que a legislação também surta efeito positivo em relação à venda de bebidas alcoólicas para menores de idade. No Brasil não se leva muito a sério essa questão, com fiscalização deficiente e muita facilidade para a compra de bebidas por menores. Não se trata apenas da venda em bares. O perigo ronda por toda a cidade, desde botecos até supermercados. Raramente, um caixa de supermercado pede documentos aos jovens que passam pelo local com a compra que inclui cervejas e outras bebidas alcoólicas para comprovar a maioridade. Ao contrário de outros países, como Canadá, México e Estados Unidos, no Brasil é permitido o consumo de bebidas pelas ruas e não só em locais fechados. Assim, muitos jovens compram as bebidas e as consomem andando pelas ruas (normalmente fazendo algazarras e quebrando as garrafas nas calçadas e muros) ou dentro de veículos. A situação é ainda mais complicada quando o consumo de bebidas é feito em festas realizadas pelos jovens em locais fechados, principalmente as “repúblicas”. Hoje têm sido comuns as festas de estudantes em chácaras e salões, onde não existe qualquer fiscalização, seja do setor de saúde ou da polícia. Tem sido grande o número de acidentes e casos de alcoolismo após essas festas, com perdas irreparáveis. Os jovens estão envelhecendo rapidamente por conta do alto consumo de bebidas alcoólicas, adquirindo várias doenças muito cedo, com sérios problemas de estômago, fígado, rins, pulmão (o cigarro é o campeão das doenças pulmonares) e coração. Mais do que a fiscalização, que deve ser rigorosa pelos órgãos de saúde e da polícia, é preciso que os pais também sejam responsáveis e rigorosos na educação dos filhos, dentro e fora de casa. Diferente de outros tempos, hoje existe liberdade demais e sem controle. Por isso mesmo acontecem tragédias provocadas pelo excesso do álcool, já que há sempre uma associação entre bebidas e veículos. E também com as drogas, principalmente nas baladas de casas noturnas e festas privadas. É preciso respeito e responsabilidade, não confundido liberdade com liberalidade. Infelizmente, o álcool e as drogas têm encurtado o caminho para a morte!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

ALGUMAS DICAS PARA QUEM QUER PARAR DE BEBER OU USAR DROGA

1. Inicie a Abstinência HOJE.

Pare com o uso de qualquer tipo de droga alteradora de humor. Seja álcool, maconha, cocaína xarope, comprimido para emagrecer, calmante ou qualquer outra. Há síndromes de abstinência que devem ser acompanhadas por um médico. Os sintomas podem variar de uma simples dor de cabeça ou tonturas até crises mais graves como convulsões e alucinações, onde corre-se até risco de vida. Se  já teve alguns sintomas mais graves, procure ajuda médica para esse primeiros dias sem droga.

2. Esqueça aquele papo de "diminuir aos poucos".
Isso só serve para aumentar o problema. Se for pra encarar essa, que seja HOJE.

3. Procure o mais rápido possível um grupo de AA ou NA.

Nos primeiros dias, assista a pelo menos uma reunião por dia.

4. Evite ficar sozinho.
Prefira a companhia de pessoas que não usam nenhum tipo de droga. Cuidado com seus familiares, eles costumam fazer de tudo pra que você não pare de usar. Quanto menos confiança você der pra eles nesses primeiros dias melhor.

5. Já pensou em fazer Psicoterapia?
Então comece a pensar seriamente nisso. Se você não tem condições de pagar, há serviços gratuitos de atendimento.

6. Cuidado com a "Fissura Mascarada".
É aquela vontade de usar que dá e a gente é sempre o último a saber. Desconfie daquela vontade de sair de madrugada para comprar alguma coisa. Isso quase sempre é vontade de usar ou beber. Geralmente dura alguns meses e depois passa ou ocorre bem mais raramente. Não se preocupe com sonhos onde você aparece usando. Isso é normal e acontece com todo mundo.

7. Mude seus hábitos.
Sem mudanças não há recuperação. Mude seus antigos hábitos.  Mude a TV de lugar, pinte o banheiro de outra cor. Comece a mudar tudo ao seu redor. Uma das características da dependência química é a estagnação. Evite aquela velha maneira de pensar e agir. Comece a ter uma atitude legal com você e com os outros. Ter horário para comer e dormir será um bom hábito a ser implantado na sua vida.

8. Não vá "naqueles" lugares.
Evite a todo custo bares e bocadas. Se você está devendo num bar, peça a alguém ir pagar para você. Se está devendo na bocada, não vá lá em hipótese alguma. Peça para alguém responsável, que saiba do risco que estará correndo, pagar a conta no seu lugar.

9. Encare a vida como se não houvesse amanhã.
A única coisa que temos nesta vida é o momento atual. Portanto, não se preocupe com o "barulho", perturbação, fissura ou qualquer outra coisa que venha ser prejudicial ao seu bem-estar. Tudo passa. Lide com os problemas e situações conforme forem acontecendo.

10. Saiba que existe o "Luto pela morte das drogas".
Álcool e drogas na vida de um dependente químico sempre funcionou com se fosse um grande amigo. Aquele que sempre esteve presente em todos os momentos. De uma hora pra outra acabar com o álcool e outras drogas funciona exatamente como a "morte" de um parente próximo. Causa depressão, tristeza, raiva. Vontade de que tudo fosse como antes. Isso é normal e acontece com todos que param. Mas passa, como tudo na vida.

11. Não se assuste.
O acordar para a realidade ocorre gradativamente e aos poucos, como após uma longa noite de sono. O perceber-se é muitas vezes assustador. Tomar consciência de si, do mundo e dos outros é uma tarefa para poucos. O início da abstinência sempre é doloroso. As atitudes muitas vezes ainda serão de raiva, falta de aceitação e inconformismo, mas serão substituídas por outras .Não se esqueça: se você quiser continuar usando o problema é só seu, mas se você quiser parar, o problema é de todos. 



                                                                      GRUPO REVIVER
                                                              C.E. A CAMINHO DA LUZ

sábado, 28 de janeiro de 2012


Governo vai investir R$ 4 bilhões em ações para enfrentar o crack


Conjunto de ações inclui cuidado, autoridade e prevenção

 A presidenta Dilma Rousseff e os ministros da Saúde, Alexandre Padilha, e da Justiça, José Eduardo Cardozo, lançam, nesta quarta-feira (07/12), um conjunto de ações do governo federal para enfrentar o crack e as outras drogas. Com investimento de R$ 4 bilhões da União e articulação com estados, Distrito Federal e municípios, além da participação da sociedade civil, a iniciativa tem o objetivo de aumentar a oferta de tratamento de saúde e atenção aos usuários drogas, enfrentar o tráfico e as organizações criminosas e ampliar atividades de prevenção.
Com o mote Crack, é possível vencer, as ações estão estruturadas em três eixos: cuidado, autoridade e prevenção.
O primeiro inclui ampliação e qualificação da rede de atenção à saúde voltada aos usuários, com criação da rede de atendimento Conte com a gente.
No eixo autoridade, o foco é a integração de inteligência e cooperação entre Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e polícias estaduais, a realização de policiamento ostensivo nos pontos de uso de drogas nas cidades, além da revitalização desses espaços.
Também nesta quarta-feira, o Executivo envia ao Congresso Nacional o projeto de lei que altera Código de Processo Penal para acelerar a destruição de entorpecentes apreendidos pela polícia e agilizar o leilão de bens utilizados para o tráfico de drogas. A presidenta Dilma assina ainda a Medida Provisória que institui o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisionais e sobre Drogas (Sinesp).
Já o eixo prevenção prevê ações nas escolas, nas comunidades e de comunicação com a população.

Cuidado

Na área da saúde, o plano prevê a estruturação da rede de cuidados Conte Com a Gente, que auxiliará os dependentes químicos e seus familiares na superação do vício e na reinserção social. A rede é composta de equipamentos de saúde distintos, para atender os pacientes em situações diferentes.
Uma das novidades do plano é a criação de enfermarias especializadas nos hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS). Até 2014, o Ministério da Saúde repassará recursos para que estados e municípios criem 2.462 leitos, que serão usados para atendimentos e internações de curta duração durante crises de abstinência e em casos de intoxicações graves. Para estimular a criação destes espaços, o valor da diária de internação crescerá 250% - de R$ 57 para R$ 200. Ao todo, serão investidos R$ 670,6 milhões.
Nos locais em que há maior incidência de consumo de crack, serão criados 308 consultórios de rua, que farão atendimento volante. Cada consultório terá equipes de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem. A ação, que terá recursos de R$ 152,4 milhões, atenderá municípios com mais de 100 mil habitantes. Os recursos já estão disponíveis e aguardam apenas a adesão dos municípios.
Já os Centros de Atenção Psicossocial para Álcool e Drogas (CAPSad) passarão a funcionar 24 horas por dia, 7 dias por semana. Até 2014, serão 175 unidades em todo o país. Estes centros vão oferecer tratamento continuado, com possibilidade de internação, a até 400 pessoas por mês.
O atendimento será reforçado também pela criação de unidades de acolhimento, que terão cuidados para manutenção da estabilidade clínica e o controle da abstinência. Para o público adulto, serão criados 408 estabelecimentos, com investimentos de R$ 265,7 milhões até 2014. Já para o acolhimento infanto-juvenil, serão 166 pontos exclusivos para o público de 10 a 18 anos de idade, com investimento de R$ 128,8 milhões.
O Crack, é possível vencer contempla também a ampliação dos repasses do Ministério para as instituições da sociedade civil que fazem atendimento aos dependentes químicos e seus familiares. Para receberem recursos do SUS, estes estabelecimentos terão de cumprir critérios estabelecidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e assegurar um ambiente adequado, que respeite a integridade dos direitos dos pacientes e de seus familiares. Todas as instituições estarão vinculadas ao Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES).

Autoridade

O enfrentamento ao tráfico do crack não é diferente do que é feito para outras drogas ilícitas, já que essa é uma das formas de apresentação da cocaína. As ações policiais irão se concentrar em duas frentes: nas fronteiras e nas áreas de uso de drogas, nos centros consumidores.
Serão intensificadas as ações de inteligência e de investigação para identificar e prender os traficantes, bem como desarticular organizações criminosas que atuam no tráfico de drogas ilícitas. O contingente das Polícias Federal e Rodoviária Federal será reforçado com contratação de mais de 2 mil novos policiais.
Está prevista também a implementação de policiamento ostensivo e de proximidade nas áreas de concentração de uso de drogas, onde serão instaladas câmeras de videomonitoramento fixo. Os recursos federais serão repassados aos estados por meio de convênios.
O objetivo é prestar atendimento a pessoas que trabalham, residem ou circulam no local, e possibilitar maior segurança com a identificação e prisão de traficantes. A expectativa é que a utilização de câmeras, móveis e fixas, contribua para inibir a prática de crimes, principalmente o tráfico de drogas.
Os profissionais que atuarão nessas áreas têm formação na doutrina de polícia de proximidade (comunitária) e vão incentivar o fortalecimento da comunidade nas áreas de uso de drogas para fortalecer a participação comunitária na prevenção à violência e criminalidade.
Outras mudanças importantes se dão no campo da adequação das leis. O governo federal propõe uma medida provisória, um novo projeto de lei e anuncia apoio a três propostas já em tramitação no Congresso Nacional. Veja a lista:
Medida provisória que institui o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisionais e sobre Drogas (Sinesp) – o sistema vai suprir a ausência de um mecanismo oficial de estatística capaz de compilar e fornecer dados e informações precisos sobre situação da segurança pública no país. Os estados irão assinar pactuação com a União e, se não fornecerem dados no Sistema, terão suspensos os repasses de verbas federais.
Envio ao Congresso do PL que altera o Código de Processo Penal e a Lei de Drogas – agiliza o processo de alienação dos bens que são produto do tráfico de drogas. Contribui para a eficiência das decisões judiciais, criando instrumentos que possibilitem intensificar o combate à criminalidade e preservar o valor dos bens apreendidos, que hoje estão sujeitos à desvalorização ao longo do processo. A mesma proposta vai dar mais agilidade no procedimento de destruição de drogas apreendidas.
Apoio ao PL 6578/2009 (organizações criminosas) – em tramitação na Câmara dos Deputados, tipifica o crime de participação em organização criminosa. A legislação atual prevê apenas os delitos de “formação de quadrilha” ou “bando”. O PL também regulamenta técnicas especiais de investigação, como a colaboração premiada e a infiltração de agentes.
Apoio ao PL 3443/2008 (lavagem de dinheiro) – aprovado na Câmara em outubro e agora em análise no Senado, acaba com a lista específica de crimes antecedentes, como sequestro ou tráfico, para se caracterizar a prática de lavagem de dinheiro. A proposta do PL é também aumentar as hipóteses em que pessoas físicas têm de informar sobre suas transações ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e o valor da multa aplicável a quem não cumprir com essas obrigações (hoje limitada aR$ 200 mil, poderá chegar a R$ 20 milhões).
Apoio ao PL 3772/2008 (difusão vermelha) – em tramitação na Câmara dos Deputados, permitirá agilizar o processo de extradição. A mudança permite prender preventivamente estrangeiros procurados pela Justiça de outro país, conforme alerta transmitido internacionamente pela Interpol. Hoje, para a prisão, é necessário pedido formal de extradição do país que determinou a sentença. A alteração permite que a prisão seja executada conforme determinação da Interpol e depois, dentro do prazo estipulado, o país deve apresentar a documentação necessária para a extradição do estrangeiro. Caso não seja apresentada, o preso é liberado.

Prevenção

Este eixo está estruturado em três bases: na escola, na comunidade e na comunicação com a população.
O Programa de Prevenção do Uso de Drogas na Escola tem a proposta de capacitar 210 mil educadores e 3,3 mil policiais militares do Programa Educacional de Resistência às Drogas (PROERD) para prevenção do uso de drogas em 42 mil escolas públicas. Estima-se que serão beneficiados 2,8 milhões de alunos por ano.
O Programa de Prevenção na Comunidade prevê capacitação de 170 mil líderes comunitários até 2014.
Haverá também realização de campanhas específicas para informar, orientar e prevenir a população sobre o uso do crack e de outras drogas. O serviço de atendimento telefônico gratuito de orientação e informação sobre drogas VivaVoz passará de 0800 para o número de três dígitos 132, para facilitar o acesso do cidadão. Além disso, o Portal Enfrentando o Crack reúne as informações sobre o tema e está disponível emwww.brasil.gov.br/enfrentandoocrack.
Os atuais 49 Centros de Regionais de Referência – que funcionam junto a instituições públicas de ensino superior – serão ampliados para 65 e oferecerão 122 mil vagas para formação permanente de profissionais de saúde, assistência social, justiça e segurança pública. Nos próximos anos, serão oferecidas 250 mil vagas em cursos a distância para líderes comunitários, conselheiros municipais, profissionais de saúde e assistência social e operadores de direito. 


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012


JUNTOS, ELES SE LIVRARAM DO CRACK  


Conheça a história do casal que se desintoxicou junto com a filha, nascida em meio à dependência química.
Iasmim acaba de completar o segundo aniversário mas sua história com o crack começa há dez anos, quando Janaína e Gelson, seus pais, se encontram pela primeira vez em uma boca de fumo na região central de Porto Alegre (RS).
Desesperados por uma pedra – e com apenas algumas moedas no bolso – os jovens de 18 anos recém-completos nunca tinham se visto, mas resolveram juntar o escasso dinheiro que tinham para abastecer o cachimbo e "calibrar" o cérebro até o raiar do sol naquele dia de 2001.
Era o início de uma parceria que duraria uma década de pitadas frenéticas e diárias, intercaladas por episódios de violência e também por dois filhos.
Felipe, hoje com 6 anos de idade, e Iasmim – que estica os dedos indicador e médio para mostrar a idade que tem – foram concebidos, gestados e paridos em meio ao uso compulsivo da droga dos pais. Eles representam o novo calcanhar-de-Aquiles dos médicos que tratam a dependência química.
Segundo os especialistas, a epidemia do crack espalhou pelo Brasil inteiro crianças que, ainda na barriga materna, recebem via placenta todas as substâncias químicas que compõem o entorpecente, um "primo pobre” da cocaína.
“O tratamento para eles ainda é incerto e os prejuízos pouco conhecidos”, afirma o psiquiatra da Associação Brasileira do Estudo de Álcool e Drogas, Sérgio de Paula Ramos.
“Estes bebês já nascem com sinais de abstinência. Não dormem, não têm fome, são irritados, transpiram muito”, completa Fábio Barbirato – psiquiatra da Associação Brasileira de Psiquiatra, especializado em filhos de dependentes e que atua com recém-nascidos do Rio de Janeiro.
“A longo prazo, não sabemos os efeitos nestas crianças, mas é certo que o acompanhamento minucioso para amenizar os danos – com medicações e terapia – precisa ser feito por no mínimo cinco anos. Algo que hoje é utópico dentro de um contexto de uso de crack.”

Regra e exceção

O mesmo pessimismo de Barbirato ao traçar o acompanhamento ideal para as mães e filhos do crack está nas casas de parto que recebem estas crianças. Na maternidade de São Paulo Leonor Mendes de Barros – referência para gestantes de alto risco da região central (que engloba o perímetro chamado Cracolândia) – as grávidas usuárias de crack muitas vezes nem se dão conta que entram em trabalho de parto. Elas trazem ao mundo prematuros com complicações cardíacas e neurológicas sérias e, não raro, desaparecem horas depois de parir – deixando para trás seus bebês ainda na incubadora – conta a chefe da Assistência Social da unidade, Regina Dias de Barros.
Ocorrências como essa aumentaram de forma avassaladora no Leonor. Há quatro anos, um bebê nascido no hospital foi afastado da mãe devido a dependência química. Esse número subiu para 15 registros em 2008, 30 em 2009 e 43 em 2010. Somente no ano passado, foram 52 casos. A mesma realidade é atestada na maternidade do Hospital Universitário do Paraná – 7 casos em 2008 e 61 em 2010.
Iasmim, ao nascer em Porto Alegre pesando pouco menos de um quilo, irritadiça e sem força para chorar, não fugiu à regra do quadro clínico das crianças desenvolvidas em úteros dependentes químicos. Mas foi a saúde frágil da menina – "beirando a morte", nas palavras das enfermeiras – que despertou em Janaína a vontade de virar exceção. Ela, que fumou mais de dez pedras de crack algumas horas antes de chegar à maternidade, conta que não quis mais conviver com o perigo letal da droga.
"Decidi que faria tratamento e voltaria para buscar minha caçula não importasse o tempo que passasse. Peguei Iasmim no colo e procurei algum sinal de nascença nela que eu pudesse reconhecer meses e meses depois. Precisava de alguma marca para reconhecê-la”, lembra.
“O Gelson também já queria se tratar e a menina tocou o coração dele. Por conta própria, buscamos uma clínica dois dias depois do parto.”
Foram embora com aquela manchinha no joelho esquerdo de Iasmim na memória. Era o início da família Venâncio sem drogas. Não só isso: eles também viraram referência no protocolo de acolhimento dos núcleos familiares que são devastados pelo crack, atendidos na Fundação de Proteção Especial (FPE) do RS.

Camburão, não ambulância

Gelson foi bom aluno. Adorava Português e História, mas tinha desempenho ainda melhor no futebol. Gremista "roxo", aos 15 anos, ele se preparava para vestir a camisa de titular do time da cidade. Porém, as roupas de marca e as correntes de ouro que estranhamente enfeitavam seus vizinhos chamaram mais atenção do que o uniforme esportivo.
“Quis saber como meus colegas conseguiam dinheiro e descobri que eles vendiam droga. Passei a vender e a usar crack. Abandonei todos os meus sonhos. Nunca mais bati uma bola”, lembra.
No mesmo bairro, Janaína – fanática pelo Inter – acreditou que aquela pedra branca e barata poderia fazer companhia nas noites solitárias em que a mãe passava fora de casa, jogando bingo.
“Tinha 16 anos. Duas pitadas depois, estava viciada.”
Gelson e Janaína então se conheceram na boca de fumo e, na mesma noite, decidiram morar juntos. Não por amor à primeira vista, dizem, mas pela facilidade de acumular, em dupla, trocados para comprar a droga.
Embaixo da ponte, atrás do lixão, na calçada. Estes foram os endereços do casal, apesar de ambos terem casa.
“Minha família desistiu, com razão, de mim. Uma vez por semana me dava um prato de comida, passado pelas grades do portão”, lembra Gelson.
Janaína diz que “esqueceu o que era sentimento”. Tanto, que após a primeira gravidez, decidiu imediatamente entregar o menino para a mãe de Gelson.
“Com vergonha, eu digo: o crack falou mais alto do que a vontade de ser mãe.”
O repasse da tutela para outros integrantes da família – tios e avós – é o destino mais comum dos recém-nascidos de viciados em crack que chegam à FPE.
“As gestantes, em geral, vão para a maternidade de viatura policial e não de ambulância. Não querem mais contato com os filhos e a reinserção familiar é quase sempre feita por meio de um parente próximo ou elas são encaminhadas à adoção”, conta a chefe da assistencial social da FPE, Maria do Carmo Fay.
“Há dois anos, quando a Iasmim chegou até nós, pensamos que ela, como tantas outras crianças, iria repetir o mesmo enredo. Mas, na maternidade, as enfermeiras nos contaram que a mãe tinha prometido buscar tratamento por causa da filha. Resolvemos então fazer uma abordagem diferente. Uma recuperação simultânea que, sempre que possível, gostaríamos de implantar com outras famílias.”

V de vitória

Ainda com dores do parto natural de Iasmim, Janaína foi para uma comunidade terapêutica evangélica. Os primeiros três meses foram só para se desintoxicar do crack. Gelson conseguiu vaga na unidade masculina na mesma instituição e viu o relógio andar em câmera lenta nestes mesmos 90 dias iniciais de internação.
“Sem a pedra na cabeça, descobri que amava minha mulher e queria minha família de volta. Chorava toda vez que lembrava do Felipe. Quando o garoto me encontrava na rua, eu estava sujo e maltrapilho. Ele gritava ‘papai’ e esticava os bracinhos. Eu simplesmente o ignorava porque queria fumar mais uma pedra.”
Neste primeiro trimestre de tratamento, as assistentes sociais Maria do Carmo e Isabel Cristina Dias, descobriram onde Gelson e Janaína estavam internados e criaram uma estratégia de ação: assim que os médicos liberassem, iriam levar Iasmim - que estava em um abrigo - ao encontro dos pais e tentar fazer uma recuperação simultânea da família.
“Acreditamos que a criança seria beneficiada se recebesse carinhos materno e paterno. E os pais também seriam estimulados à continuidade do tratamento se tivessem contato com a menina.”
Nove meses depois, com as devidas autorizações, Iasmim foi levada à clínica, ao encontro de Gelson e Janaína. A mancha do joelho foi prontamente reconhecida pelo casal.
Os dois ficaram mais um tempo internados. No entanto, semanalmente recebiam a visita de Iasmim, que no colo das assistentes sociais, deixava o abrigo provisório para “cuidar dos pais”. De imediato, a menina não reconhecia a mãe e não queria ficar em seu colo. "Mas a Janaína teve uma postura exemplar. Olhava para a criança, insistia nos chamegos, trocava a fralda, dava banho. No terceiro encontro, Iasmim já sorria quando olhava para a mãe", conta Isabel.
Após um ano e dois meses internados, Gelson e Janaína tiveram alta e conseguiram alugar uma casa de dois cômodos em São Leopoldo, região metropolitana de Porto Alegre, graças ao bico de “faz tudo” que os pastores ajudaram ele a conseguir. "A religião nos salvou. Hoje sou voluntário e ajudo outros dependentes químicos no projeto Café Convívio da Igreja", diz Gelson.
Com supervisão judicial, Iasmim foi voltando para os pais, em visitas monitoradas pelas assistentes Isabel e Maria do Carmo. Há quatro meses, a pequena foi autorizada a morar em definitivo com eles. Mensalmente, a família toda passa pelo médico e até com psicólogos. "Foi um modelo que deu certo, mas nem sempre é possível colocá-lo em prática. Mas a ideia é: sempre que recebermos uma criança no abrigo que os pais tiverem em recuperação, promover estes encontros supervisionados", diz Maria Do Carmo que, mensalemente na FPE, recebe entre 10 e 12 "filhos do crack".
Felipe também deixou a casa da avó paterna e, feliz da vida, mostra seu quarto montado pelo pai. Aprendeu a torcer para o Grêmio e, quem sabe, um dia será jogador de futebol "ou lixeiro, talvez bombeiro", pontua o menino.
Foi Janaína quem ensinou Iasmim a indicar com os dedos a própria idade. Tudo para fazer bonito na festa do segundo aniversário.
“Além do número dois, também pode ser o V de vitória, né? A minha, do Gelson, do Felipe e da Iasmim, a nova família Venâncio”, comemora ela, aos 29 anos, e livre do crack.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012


Você é um Co-Dependente?

Se você realmente ama aqueles que lhe compartilham a estrada, auxilie-os a ser livres para encontrarem a si mesmos, tal qual deseja você a independência própria para ser você, em qualquer lugar.
Francisco Candido Xavier
Da obra: Tempo e Nós.
Ditado pelo Espírito André Luiz.
IDEAL.

O que é um co-dependente?
É a pessoa que  desenvolve relações baseadas em problemas. O foco está sempre no outro e o vínculo não é o amor ou a amizade, mas a doença, o poder, o controle. No fundo o co-dependente acredita que pode mudar o outro. Seus relacionamentos são criados para transformar os outros.  

A definição científica de co-dependência é:  NECESSIDADE IMPERIOSA EM CONTROLAR COISAS, PESSOAS, CIRCUNSTÂNCIAS/COMPORTAMENTOS NA EXPECTATIVA DE CONTROLAR SUAS PRÓPRIAS EMOÇÕES.


As perguntas abaixo servem para identificar possíveis padrões de co-dependência. Somos conscientes que o auto-diagnóstico é um assunto muito sério e por sua vez pessoal. Esperamos que sejam-lhe úteis. São elas:

  1. Você se sente responsável por outra pessoa? Seus sentimentos, pensamentos, necessidades, ações, escolhas, vontades, bem-estar e destino?
  2. Você sente ansiedade, pena e culpa quando outras pessoas têm problemas?
  3. Voc6e se flagra constantemente dizendo sim quando quer dizer não?
  4. Você vive tentando agradar aos outros ao invés de agradar a si mesmo?
  5. Você vive tentando provar aos outros que é bom o suficiente? Você tem medo de errar?
  6. Você vive buscando desesperadamente amor e aprovação? Você sente-se inadequado?
  7. Você tolera abusos para não perder o amor de outras pessoas?
  8. Você sente vergonha da sua própria vida?
  9. Você tem tendência de repetir relacionamentos destrutivos?
  10. Você se sente aprisionado em um relacionamento? Você tem medo de ficar só?
  11. Você tem medo de expressar suas emoções de maneira aberta, honesta e apropriada?
  12. Você acredita que se assim o fizer ninguém vai amá-lo?
  13. O que você sente sobre mudar o seu comportamento? O que impede-lhe de mudar?
  14. Você ignora os seus problemas ou finge que as circunstâncias não são tão ruins?
  15. Você vive ajudando as pessoas a viverem? Acredita que elas não sabem viver sem você?
  16. Tenta controlar eventos, situações e pessoas através da culpa, coação, ameaça, manipulação e conselhos assegurando assim que as coisas aconteçam da maneira que você acha correta?
  17. Você procura manter-se ocupado para não entrar em contato com a sua realidade?
  18. Você sente que precisa fazer alguma coisa para sentir-se aceito e amado pelos outros?
  19. Você tem dificuldade de identificar o que sente?
  20. Você tem medo de entrar em contato com seus sentimentos como raiva, solidão e vergonha?

O co-dependente vem de uma família com estrutura disfuncional, anormal. A síndrome da co-dependência fica mais visível quando o vício surge. Síndrome é um conjunto de sintomas, como por exemplo: baixa auto-estima; a dificuldade de colocação de limites; dificuldades em reconhecer e assumir a própria realidade; dificuldades de tomar conta de suas necessidades adultas; dificuldade de expressar suas emoções de forma moderada. O co-dependente é a pessoa que deixa o comportamento de outra pessoa controlar o seu próprio e que fica obcecada em controlar o comportamento da outra pessoa. Tudo começa com o fato de nos encontrarmos ligados (por amor, obrigação ou dever) a alguém muito complicado, doente física ou emocionalmente, que por conta desta doença se auto-destrói ou desiste de viver e precisa, aparentemente, de nosso apoio e cuidado constante.

A outra pessoa pode ser uma criança que nasceu com defeito físico, um adulto deprimido, uma esposa ou amante anoréxica, um irmão que não se saiu bem na vida, uma irmã que sempre se mete em encrencas e parece frágil para resolvê-las, um pai alcoólatra ou outro dependente de qualquer outra droga. Enfim, o importante não é quem esta outra pessoa é, ou qual a doença ela tem. O núcleo da questão está em nós mesmos, na forma como deixamos que ela afete nosso comportamento e nas formas como tentamos influir no comportamento dela ou “ajudá-la”.

 

Estamos falando de uma reação à autodestruição do outro que acaba nos destruindo. Tornamo-nos vítimas da doença alheia e, quanto mais nos esforçamos para fazer esta pessoa abandonar o vício ou mudar de postura diante da vida, menos ela melhora e mais arrasados ficamos.

Parece que nossa vida gira em torno dela, não mais agimos por vontade própria mas sim reagimos à forma como o doente está; se está bem ficamos bem, fazemos planos, temos esperança; na hora em que ele(a) volta a beber ou deprimir, suspendamos o cinema, os projetos, nos sentimos uma porcaria.

 

Alguns cientistas consideram este comportamento de ajuda crônica ao outro, em si mesmo, uma doença emocional, grave e progressiva. Dizem até que o co-dependente quer e procura pessoas complicadas para se ligar, só podendo ser feliz desta forma. É o círculo vicioso do sofrimento.

 

O co-dependente desenvolve a fantasia de que é ele que tem que suprir a necessidade do outro, esquecendo-se totalmente de si.

A carreira profissional do co-dependente pode ser utilizada para que se proteja dos sentimentos doloridos (reuniões no escritório, congressos, jantares, prática de esportes, festas, encontros sociais, estudos). Tudo isto procurando o conforto do distanciamento dos conflitos interiores.

A co-dependência é um processo que envolve a pessoa em amarras emocionais tirânicas, que provocam muito sofrimento. Quando acontece algo doloroso, e o co-dependente diz a si mesmo que falhou, está na verdade dizendo que tem controle sobre aquele acontecimento. Culpando-se, ele se prende à esperança de que será capaz de descobrir onde está o erro e corrigi-lo, controlando dessa forma a situação e fazendo o sofrimento cessar.


A sua vida lhe pertence. Dela e somente dela você terá que prestar contas. A vida alheia não está sujeita ao seu julgamento. Os erros do seu semelhante, sobre ele pesarão.  Comece o Dia Feliz (reflexões)  C.Torres Pastorino




Todo co-dependente é indireto, não fala o que sente, e deseja desesperadamente que os outros adivinhem tais sentimentos e desejos, e fica ressentido quando eles não atendem suas expectativas. O co-dependente não diz o que deseja dizer, e nem deseja dizer o que diz.



Somos os autores de nossa própria doença
.

A doença  mental/emocional é uma doença emocional e espiritual. Espiritual no sentido de que somos doentes nos pensamentos,  emoções, atitudes, crenças, modo de sentir, tudo, enfim, que leva o ser humano a agir da maneira que o faz.
São as nossas reações diante dos acontecimentos e não os acontecimentos em si mesmos, que determinam o nosso modo de sentir. (nossa interpretação dos acontecimentos e situações que resulta em saúde ou doença emocional).

Como recuperar-se?  Não fuja da realidade, decida-se a olhar para onde as falhas realmente se encontram: dentro de nós mesmos.
É nossa responsabilidade fazer alguma coisa a respeito. Culpa, censuras e críticas só atrapalham, descarte-as. Se for difícil, procure ajuda.

Oração da Serenidade
Senhor, concedei-me a SERENIDADE para aceitar as coisas que não posso modificar; CORAGEM para modificar aquelas que posso e  SABEDORIA para perceber a diferença.

O Grupo Reviver, no C.E. A Caminho da Luz, tem um trabalho, aos sábados, voltado para a co-dependência, com informações científicas e sala de auto-ajuda. Em nosso trabalho aos sábados, procuramos ajudar a pessoa para que se desperte para ela própria. Possibilitamos uma compreensão interna na pessoa para que ela própria se perceba doente emocionalmente. Na sala de auto-ajuda da co-dependência, é lido um texto relacionado ao problema emocional e é discutido em grupo; na segunda parte há a partilha. As pessoas falam de si mesmas, de suas emoções, de seus sentimentos. Não se permite que o co-dependente fique falando da pessoa-problema em sua vida. O foco é ela(e), o trabalho é para que ela(e) perceba suas emoções, seus sentimentos e libere, naquele momento, essas energias. Esse trabalho é muito eficaz, pois traz o conhecimento sobre as emoções ou reações da co-dependência e propicia a liberação de energias negativas através dos depoimentos, da expressividade das emoções. A cura inicia-se dessa forma. Os sinais de recuperação são claros

:  equilíbrio emocional, a pessoa deixa de reagir descontroladamente aos comportamentos de auto-destruição da pessoa-problema; aprende a dizer não quando tem que dizer não; consegue restabalecer-se do caos financeiro resultante da neurose; aprende a se defender  e a enxergar seus direitos em vez de lutar somente pelo direito dos outros; aprende a trabalhar a família de origem, ou seja, a  olhar para dentro de si mesma para descobrir as origens da sua co-dependência.; aprende a estabelecer limites de trabalho; não fica perguntando porque as pessoas estão fazendo aquilo com ela; aprendem a não permitir que outras pessoas a controlem; começam a sentir vontade de viver e acreditar que há um propósito para a sua vida. Tudo isso o co-dependente assíduo vai aprendendo e se liberta desse sofrimento enorme que constitui essa síndrome. As salas de auto-ajuda e/ou psicoterápicas têm um contrato moral de sigilo: tudo que é comentado na sala  não pode ser comentado para pessoas estranhas ao trabalho. É uma questão de ética e respeito ao ser humano.


A escolha é sua.
As respostas estão dentro de você.
Tudo o que tem a fazer é analisar, ouvir e acreditar.
" O pessimista queixa-se dos ventos. "
" O otimista espera que eles mudem. "
" O realista ajusta as velas... "
( Autor Desconhecido )

Fontes: 
CODA – Codependentes Anônimos, site na Internet: http://codependentes.freeyellow.com

BARCELOS, Carlos – Criando sua Liberdade – Editora Gente

Para saber mais sobre o assunto, leia:

BARCELOS, Carlos – Criando sua Liberdade – Editora Gente
BEATTIE, Melody – A Linguagem da Liberdade – Ed. Record
BEATTIE, Melody – Co-Dependência Nunca Mais – Ed. Record
BEATTIE, Melody – Para Além da Co-dependência – Ed. Record
BEATTIE, Melody – Lição de Amor – Ed. Record

Anete de L. Blefari
Setembro/2003

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012


SE BEBER, NÃO DIRIJA: CULPA E RESPONSABILIDADE  

PSICANÁLISE DA VIDA COTIDIANA

     O Álcool é uma droga, e como droga tem seus efeitos efetivos no Sistema Nervoso e no Funcionamento Mental de uma pessoa. Desde a excitabilidade e a exaltação, o animal humano se transforma em mais animal do que humano. Por que friso essa questão de animalidade, de “cérebro inferior”? Intoxicado pelo álcool etílico, uma pessoa vai progressivamente ficando excitada, exaltada e perdendo os reflexos neurofisiológicos. Com isso, principalmente na esfera psíquica, o indivíduo alcoolizado, gradativamente vai sendo afetado em suas funções psíquicas de atenção, memória, juízo de realidade, pensamento. Torna-se somente Ação, ação que chamamos de atos impulsivos, agressivos e destrutivos.
     Ação que obstrui a capacidade para pensar, que diminui sua capacidade para pensar, e reduz também a capacidade de considerar os dados da realidade externa: ambiente e principalmente a consideração e afetuosidade pelos seus semelhantes. Torna-se uma “fera” ungida de uma substância que acelera sua atividade mental em direção à estupidez, arrogância, burrice mental e sentimento de que, tudo é só o seu impulso de agir conforme sua própria vontade. Sente-se “onipotente”, “presunçoso”; acha que controla tudo e que sabe dirigir a sua própria pessoa bem como um automóvel.
     Doce ilusão! Vamos viver o impulso, o desejo, a vontade de tudo fazer o que quisermos. Estamos, psicanaliticamente falando, do Império dos Sentidos e da Arrogância desvairada. Sua agressividade útil se transforma numa Destrutividade mortífera. E aí acontecem os atos mais animalescos do ser humano: desacato às autoridades, desobediência a qualquer outra pessoa que o aconselha, violência física em bares, restaurantes e ruas. Ele é o próprio dono do mundo!
     Não precisa intuir que as conseqüências dessas atitudes são incomensuráveis. Acidentes de trânsito, homicídios e “suicídios”. A Lei Seca, a "Tolerância Zero", são medidas profiláticas que têm a capacidade de frustrar atos incivilizados. Para o alcoolizado é pura frescura, e algo mais grave, ele toma como uma medida contra ele, proposital, que restringe “seu prazer selvagem”. Tal como uma “cascavel faminta”, o objetivo é a satisfação da sua necessidade instintiva. O vício humano, no caso com a droga álcool, a reação é a mesma: Instinto e impulso que não conhecem leis, limitações, obstruções e interrupção do prazer.
     Bem, caro leitor, quero enfatizar uma frase veiculada pelo Ministério das Cidades em sua última campanha sobre álcool e direção: “O efeito do álcool passa, a culpa fica para sempre.” É verdade, a culpa fica, caso a pessoa tenha a capacidade de sentir culpa, pois, sentindo culpa ela pode reconsiderar os estragos que fez e mudar sua atitude interna frente às suas necessidades. No entanto, se ficar somente na culpa, a tendência é desenvolver uma Grave Depressão ou atos de expiação, de desculpas, que como um pecador, à medida que se confessa pode pecar novamente.
     Gostaria de frisar que Culpa, consideração pelo dano causado é Responsabilidade. Aí sim, responsabilidade é uma condição para a mudança. Sentimento de culpa somente, não. Culpa pede castigo; Responsabilidade pede consideração, amorosidade, respeito e capacidade para fazer mudanças em seus hábitos e vícios.
     A Lei atual está complemente certa, e principalmente agora, que vai punir de maneira mais drástica, criminalmente, a pessoa que conduzir um carro sob o efeito de bebida alcoólica. Espera-se que seja cumprida, pois já estamos desencantados com a Justiça Brasileira que é flexível e complacente em algumas situações. As mortes, atropelamentos e acidentes de trânsito aumentam cada vez mais! Queremos ser um país de primeiro mundo? Ofertemos a nossa contribuição!

F.S. Fitzgerald, escritor americano, 1896-1940 tem uma bela frase: “No início você bebe um copo, depois o copo bebe um copo, depois o copo bebe você.” Sêneca, filósofo latino, 4 a.C. dizia: “ A embriaguez excita e traz à luz todos os vícios, tirando aquele senso de pudor que constitui um freio aos instintos ruins.”
                                                                                                                                                     
Carlos A.Vieira, médico, psicanalista da Soc. de Psicanálise de Brasilia e membro da FEBRAPSI-IPA-London.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas